Mais um grande nome do cinema brasileiro chega às telas da plataforma POLOAUDIOVISUAL.TV: o cineasta mineiro Helvécio Ratton, diretor, produtor e roteirista, sucesso de público e crítica, premiado em importantes festivais no Brasil e no mundo – Itália, Portugal, França, Suíça, Uruguai, EUA, entre outros.
Já em sua estreia, com o documentário “Em Nome da Razão” (1979), Helvécio causa impacto ao revelar os horrores vividos por centenas de doentes mentais internados no Hospital Colônia de Barbacena. O filme tornou-se um marco na luta antimanicomial e nas políticas de saúde mental no Brasil, sendo exibido com grande repercussão até os dias de hoje.
Militante do movimento estudantil nos anos 70, período mais repressivo da ditadura militar no Brasil, Helvécio Ratton se exilou no Chile onde trabalhou na produção de filmes. Voltando ao Brasil, associou-se ao Grupo Novo de Cinema, dirigindo e produzindo curtas e longas-metragens. Com “Batismo de Sangue”, baseado em fatos reais relatados em livro do Frei Beto, o diretor conta a história de frades dominicanos na luta contra a ditadura militar nos anos 60.
Versátil, Ratton transita também com maestria por temas inspirados na política, literatura, cultura e no universo infanto-juvenil. Seus filmes encantaram crianças e adultos de várias gerações, como “A Dança dos Bonecos”, “Menino Maluquinho”, “Pequenas Histórias” e “O Segredo dos Diamantes”. Em “O Mineiro e o Queijo” o diretor aborda de forma poética a produção artesanal do queijo minas.
Ao lado da companheira de vida e trabalho, a produtora Simone Magalhães Matos, Helvécio fundou a Quimera Filmes, que produz filmes e vídeos.
A partir de 05 de junho, a MOSTRA HELVÉCIO RATTON exibe três filmes do cineasta, tendo como tema a relação INDIVÍDUO E ESTADO.
“Quando recebi o convite para mostrar alguns filmes na TV do Polo Audiovisual, lancei um olhar sobre minha filmografia e percebi que um recorte possível seria sobre a relação entre Indivíduo e Estado, presente em alguns de meus filmes. As diferentes formas com que o Estado exerce seu poder sobre os indivíduos estão bem nítidas em pelo menos três de meus filmes: Em Nome da Razão, Batismo de Sangue e O Mineiro e o Queijo. “
No documentário “Em Nome da Razão”, o poder de opressão do Estado se mascara como tratamento psiquiátrico para excluir do convívio social e confinar em hospícios os indivíduos fora da “normalidade”. Em “Batismo de Sangue”, que relata acontecimentos vividos durante nossos “anos de chumbo”, a perseguição e a tortura contra os dissidentes políticos se tornaram instrumentos de Estado. O “Mineiro e o Queijo” mostra como um produto artesanal, parte de nossa cultura e economia há mais de 300 anos, passa a ser proibido pelo mesmo Estado que o considera como “patrimônio imaterial do povo brasileiro”.